sexta-feira, 29 de março de 2013

Drogas X Escola

MINHA VIDA VALE MAIS (Adaptação da peça Uma alma em Leilão - autor desconhecido) Personagens: Mundo - Leiloeiro - Vida - Fama - Dinheiro - Cachaça - Malandragem - Droga - Escola O Leiloeiro sobe no púlpito e começa a falar para o mundo (as pessoas presentes): Leiloeiro - Senhoras e senhores, boa tarde! Estamos aqui para darmos início a mais um leilão, mas eu gostaria de vos informar que este leilão tem um caráter especial. A história deste leilão ficará arquivada nos corações de todos que estão aqui e que todos farão severas reflexões nesta tarde! Nunca encontramos nada tão valioso para leiloar. Nem mesmo jóias preciosas, ouro, objetos de raridade, patrimônios... Nada é mais valioso do que o que vamos leiloar nesta tarde! Sei que os senhores estão ansiosíssimos para saber o que é tão valioso assim, a ponto de ser considerado mais cobiçado de todos os tesouros da terra! Senhoras e senhores! Trazemos hoje a vocês: uma Vida em leilão! Nada é mais valioso que ela! Talvez ninguém saiba o valor que ela tem e a entrega aos prazeres do mundo, esquecendo-se de preservá-la e tornando-a pobre, deformada e vazia... Bem, como já falei, é preciosíssima! Que apareça o primeiro pretendente e lance a sua proposta! (Levanta-se a Fama entre a multidão e exclama): Fama – Esta vida está dentro dos meus planos, e por isso mesmo, quero-a para mim: eu a compro! Leiloeiro – Quem é você? Fama – Eu sou a Fama, a cobiça de todos os seres humanos! Leiloeiro – Ah, sim... Queira aproximar-se, por favor! Vejo que és bem conceituada e tens mostrado muito interesse por esta vida, mas... A propósito... Qual a tua oferta para que esta vida venha a ti pertencer? O que ofereces a esta vida? Fama – Senhoras e senhores, eu ofereço a esta vida muita fama, muita fama mesmo! Farei com que ela se torne muito famosa no mundo e receberá glórias, sentará em lugares de honra e conhecerá lugares que nunca imaginou conhecer! Estará ao lado de gente riquíssima, vestirá roupas caríssimas, terá jóias, boas comidas, carros, enfim, tudo o que for de fama eu lhe darei! Então, que me dizes? É minha esta vida? Leiloeiro – Vejo que tua proposta é muito boa, afinal de contas, quem é que não quer ser famoso? Aplaudido, honrado, conhecer lugares, países, comer comidas caras... Hum... Que coisa boa é a fama. Mas eu ainda acho pouca a tua oferta. Não tem mais nada para oferecer? Me diga, qual vai ser o fim dela? Fama – Olhe, veja bem... Primeiro, o que eu dou é só isso mesmo! E também é passageiro. Depois quando a fama passar só posso oferecer uma depressãozinha, pra variar. Segundo, os tesouros que eu dou é um visgo pra ladrões que roubam ou matam a vida. Leiloeiro – É... Infelizmente, esta vida não será sua. A sua oferta é muito medíocre, é pouco para que esta alma lhe pertença. Queira se assentar, por favor, que vamos continuar o leilão. Talvez encontremos uma oferta melhor que a sua, e venderemos esta vida por algo mais valioso. Quem dá mais? Dinheiro – Esta vida é minha, eu a compro! O que não faço neste mundo? Leiloeiro – E quem é você? Dinheiro – Eu sou o dinheiro. O que fala mais alto na sociedade. A cobiça do avarento e a ambição dos presunçosos, ora! Leiloeiro – Aproxime-se... Queira vir à frente, por favor! Qual a tua oferta? Quanto ofereces por esta vida? Dinheiro – Senhoras e senhores, eu ofereço a esta vida muito dinheiro! Dinheiro suficiente para que ela se torne bilionária, a dona do mundo! Tudo que ela quiser estará em suas mãos: carros, fazendas, iates, indústrias... Com o dinheiro que eu lhe der poderá comprar qualquer coisa. O mundo estará em suas mãos! Não haverá limites, não existirão fronteiras, não haverá pessoas que ela não possa subornar com sua riqueza. Enfim, eu dou a glória deste mundo, dou todo o dinheiro que for preciso em troca desta vida. Leiloeiro – Vejo que és prepotente e muito pretensioso, apesar de que a tua oferta é muito desejável. Imaginem só: ter dinheiro para comprar qualquer coisa neste, mundo! Hum.. Não é nada mal. Mas só ofereces dinheiro? Você só tem dinheiro para ofertar? Dinheiro – Como assim só dinheiro? O dinheiro é coisa boa! Sem falar que ele faz emudecer qualquer testemunha. Comprar, muitas vezes, mentiras por verdades... E o que ela quer mais? Só tenho dinheiro, mas é muito dinheiro! Leiloeiro - E quando essa vida ficar doente? Dinheiro – Aí já não é comigo! Pode ter o dinheiro que for, mas se ficar doente mesmo... Morreu! Acabou! Posso até dar uma enganadinha com remédio caro, mas é só! Nem também dou alegria nem paz, viu? Leiloeiro – Você não poderá comprar. Queira se retirar! Dinheiro – Mas... É muito dinheiro! Leiloeiro - Por favor, não insista! Retire-se. Senhoras e senhores, o dinheiro também não pode comprar esta vida, sua oferta é muito pobre. Então, vamos continuar o leilão, até que apareça um comprador justo e pague bem por esta alma. Quem dar mais? Cachaça - Eu compro! Leiloeiro - Quem é você? Se apresente! Cachaça – Eu sou a cachaça! Sou responsável pela ruína de muitas vidas dessas aí que você ta vendendo. Compro essa também! Essa aí não é diferente. No final de semana, pra começar né, eu me apresento pra ela, ela vai gostar e depois todos os dias, não vai poder viver sem mim. Leiloeiro - E qual vai ser o fim para essa alma? O que você tem mais a oferecê-la? Cachaça - Não dou mais nada. Ela vai é ficar viciada em mim, vai gastar todo o dinheiro, vai brigar com as pessoas que gostam dela, quebrar tudo dentro de casa... Como é? Me vende? Leiloeiro – De jeito nenhum! Você não é digno de possuir essa vida. E ainda lhe dou um conselho: Tenha força de vontade e pare de beber! Procure ajuda que você encontra. Vá se sentar pra não cair aqui perto de mim. E agora? Tem mais alguém que queira dar um lance para esta pobre vida? Malandragem – Eu quero! Leiloeiro - Quem é você? Malandragem - Eu sou a Malandragem, meu irmão! Basta olhar pra mim que você saca de cara! Leiloeiro- O que você oferece para esta vida? Malandragem - Essa vidinha aí, primeiro vai se sentir a tal, gastar dinheiro à toa e tirar onda dos manés. Depois vai se prostituir e disseminar o bullyng na escola. Vou me juntar com minha parceira, a Cachaça e só vai dar nós! Leiloeiro - E qual é o fim para esta pobre vida? Tem alguma coisa boa para lhe oferecer? Malandragem - Bom, aí a história já é outra. Coisa boa não tenho não! O que eu tenho pra oferecer além do que eu já lhe disse é adquirir pra ela o vírus do HIV e entrar em alguns esquemas de roubo. Depois o fim só pode ser morte ou cadeia mesmo. Leiloeiro – Então vá embora! Essa vida nunca lhe pertencerá. Leiloeiro – Já passaram por aqui a Fama, o Dinheiro , a Cachaça e, há poucos instantes, a Malandragem, mas nenhum desses ofereceu uma oferta justa. Pois bem, há mais alguém que quer lançar a sua oferta? Alguém que queira oferecer algo de mui valor por esta vida? Há alguém? Lance a sua proposta! Droga - Eu ofereço! Leiloeiro: E quem é você? Droga - Eu sou a Droga. Sou uma substancia muito poderosa. Posso modificar as funções de qualquer organismo. Modifico o humor e o comportamento das pessoas. Não preciso da fama. Qualquer um sem ser famoso pode me conseguir. Não preciso do dinheiro porque sirvo a qualquer classe social. Quem não tiver dinheiro, se estiver comigo, pode roubar qualquer coisa, sem se importar com esse tal de pecado. Tudo é fraco diante de mim. Todos me conhecem. Tenho vários nomes: anabolizantes, cigarro, maconha, cocaína, crack, heroína, morfina, haxixe, LSD, esctasy e etc e etc, etc. Leiloeiro - Humm! Interessante! E o que você tem a oferecer para esta vida? Droga - Simples. Vou dar para ela uma sensação imediata de prazer. Leiloeiro - Imediata? Droga - Sim, senhor! Pra que perder tempo? A vida é tão curta! Leiloeiro - E como você fará isso? Droga - Simples também. A sociedade vai me ajudar com a publicidade de fabricantes de drogas lícitas, que já é o primeiro passo. Uma cervejinha aqui, outra cervejinha ali... Também terei ajuda de traficantes, da influência da internet e de alguns amigos. Leiloeiro - Falsos amigos, você quer dizer, não é? Droga - Isso não importa! Leiloeiro - Diga-me mais sobre essas drogas lícitas aí, que você falou há pouco. Droga - Ah! Sim! Elas são as drogas que a sociedade aceita numa boa. O cigarro, por exemplo. Mata devagarzinho. A pessoa nem sente que tá morrendo aos poucos e matando também quem está ao seu lado inalando a fumaça. Mas, quem se importa? O que importa mesmo é que essa vida já ta no papo. Basta me aceitar. A minha ação faz a pessoa se revoltar com os pais e familiares. Coisa pouca! Isso é bobagem! Posso inebriar, posso inspirar a roubar. Mas, posso estimular, aliviar dores, tensões, angústias e depressões. (diz olhando para todos) Leiloeiro - Humm! Isso parece bom. Droga - Claro que é! Eu sou boa! Dou poder para as pessoas se sentirem acima das outras; torno-as alucinadas e sou muito fácil de ser encontrada. Posso ser injetada, inalada, via oral ou injeção intravenosa. Quem fica comigo se torna dependente de mim. Eu tomo conta de todo o corpo: cérebro, sangue, órgãos... Leiloeiro - Sua proposta é tentadora. Estou quase convencido. Mas, e quando esta vida não te quiser mais? Qual é o fim para ela? Droga - Ah! Meu amigo! Esse caminho é sem volta. Eu já disse que a torno dependente. Ela sempre me quererá mais e mais, até morrer de overdose. Leiloeiro - Que horror! E eu quase caía nessa conversa! Caia fora! Puxa vida! Será que não existe ninguém que compre essa vida? Escola - Esta vida me pertence! Seu valor só eu conheço! Leiloeiro - Muito bem, que se aproxime o pretendente. Onde está você que falou que esta vida lhe pertence? Escola - Eu estou aqui cercada por esses muros. Leiloeiro - Mas... Quem é você? Escola - Eu sou a Escola. A instituição que educa e ensina a sociedade a potencializar seu conhecimento e habilidades. Meus atos permitem a formação do aluno cidadão, possibilitando a ele, melhoria na sua qualidade de vida, através dos conhecimentos que ele adquire. Sou provedora da cultura humana e é através do diálogo, da reflexão, da teoria e da prática que o conhecimento é adquirido, emancipando as pessoas e transformando a sociedade. Leiloeiro - Vejo que és justa, as tuas palavras são verdadeiras, mas fales mais um pouco sobre você. Pois sinto algo diferente no teu falar. O que ofereces a esta vida? Escola – Vou ensiná-la a ler, a escrever, a contar e a descobrir o mundo. Vou garantir a inserção dela na cultura escolar, na aprendizagem e na ampliação do seu universo de referências culturais, pelas diferentes áreas do conhecimento. Leiloeiro - O que mais você vai oferecer para essa vida? Qual será o seu fim? Escola - Se ela me aceitar um novo nome será escrito no meu diário. Ela vai aprender muita coisa sobre esse mundo e o que lhe for ensinado jamais será esquecido. Vai ter futuramente uma boa profissão e conseguirá viver neste mundo com muita dignidade. Ela vai adquirir valores universais como companheirismo, cooperação e solidariedade. Vai também construir uma boa família e muitas outras coisas boas. Leiloeiro - Essa vida verdadeiramente é tua, pois é para ela tudo que ela almejava. Mesmo assim, vou perguntá-la: Você aceita a Escola? Vida - Sim, eu a aceito como suficiente para o meu crescimento. Ela vai me ensinar tudo o que ainda não sei. Quero ser uma leitora do meu mundo. Eu vou com Ela! Está decidido. Leiloeiro - Senhoras e senhores, nosso leilão chegou ao final! Mas, quero vos lembrar que não há nada neste mundo que possa comprar uma vida. A Fama, o Dinheiro, a Bebida, a Malandragem e as Drogas são pouco demais para comprar uma vida. Mas vos digo que a escola é, depois da família, o melhor lugar para se estar. Ela nos oferece condições reais para exercermos a cidadania, nos faz conhecer melhor nossos direitos e deveres. É no convívio diário da Escola , que nós poderemos gradativamente conhecer a nós mesmos e o outro, além de construirmos nossa auto-imagem e identidade social. Viva a escola! Viva a vida! Observações: - Esta obra é de autor desconhecido. Nela foi acrescentada a parte sobre as drogas, malandragem e escola pela professora Edilma Silva Santos para o Projeto da escola - Assista também no youtube: O leilão de uma alma 1 em http://www.youtube.com/watch?v=nq91-WRgJAw